28 de dez. de 2008

Não me atrevi, nem após ouvir tua voz.

Mais um dia contado, com poucas vozes, restando apenas um som desafinado no cômodo ao lado. As minhas roupas ainda estão do mesmo modo que as deixei quando cheguei, isso faz parte da minha bagunça. Tome cuidado para não rasgar a folha. Pensei mas, de fato, não hesitei em dizer. Passei o dia um tanto calado. Levantei mais tarde do que de costume e fui preparar o café. Não o encontrei. Deitei por alguns minutos mais. Aquelas viagens semanais estão me deixando um pouco enjoado, o que faz com que, às vezes, perca o apetite. Apetite pela destruição? Acho que ainda não vem ao caso.
Dei umas risadas, queimei alguns cigarros, mas não consegui remover o rótulo de “dia comum”. Preciso de mais um dia “daqueles”. Uma chamada perdida, várias efetuadas, porém nenhum diálogo com nexo. Um sábado com “cara” de domingo. Perdi a trilha sonora do meu fim-de-semana, e ainda não deitei na cama. Aquela estátua não possui braços, mesmo assim, não deixa de ser uma obra divina, de valores indiscutíveis. Minha perna ainda possui sinais de cicatrização, no entanto não coça tanto, bom sinal.
Vagando por essa folha, uma formiga. Dei um leve peteleco, todavia perdi o feeling. O som já se cala.

25 de dez. de 2008

Algum rastro de Natal

O meu natal não teve presente, muito menos um Santa Claus ridiculamente fantasiado. Atirei as cinzas por entre os irregulares vãos da varanda. Era noite e chovia, podia escutar as gotas se chocarem contra a grama durante aquela fresca madrugada.
Não havia sinal, o celular não tocou ou ninguém deve ter se lembrado de mim, o que parece ser mais sensato. Meu natal não foi igual, acho que devido à isso, não foi tão entediante. Quando não me notavam, me distraia com os cães.
Era tudo muito limpo e perfeito o que fez com que, depois de certo tempo, perdesse a graça. Cocei a perna e hesitei por um momento, já era hora de ir embora. Não, eu não vou voltar.
Quando retornei à meu ambiente de trabalho, notei que havia apenas uma caneta e uma folha de papel para me distrair. Reduzi meu vício, pelo menos por um dia.

21 de dez. de 2008

Porta entreaberta, alguns semblantes estranhos.

As imagens aparecem em meu travesseiro,
São vultos, luzes, vozes.
Disse cem por cento por duas vezes hoje,
foram sentidos diferentes.

Não me sinto em casa,
não fui ao quarto e passei a minha tarde sentado,
calado.
Uma certa impaciência, falta de pudor.

Estou bem por me imaginar amanhã,
neste mesmo lugar,
podendo ouvir o "meu" Dance sossegado,
num quarto pacato e sem ouvir tantas futilidades.

20 de dez. de 2008

Reverso

Passe dias distante,
Veja seu corpo se apagar aos poucos,
Navegue por qualquer oceano,
Visite qualquer amigo.

Sinta-se livre para escolher,
Vire noites em claro,
Não minta para mim.

Ainda estou aqui,
nesse mesmo barco,
nesse mesmo fluxo,
sem fim.

17 de dez. de 2008

Lá fora, ainda chove.

Ao meu tempo, procuro dar valor
Tranco as portas, já não sinto tanta dor.
Aquela vez, me fez entender. Sala vazia,acho que é mais um dia de trabalho
O armário não é aberto com tanta facilidade. Posso girar diante das belas luzes dessa cidade.
Não sinto que a rima dita o ritmo da canção. Acredito que todos nós a ouvimos de uma forma diferente. Faça com que suas frases signifiquem algo de real valor a você.
As coisas não duram pra sempre, e quando duram fatalmente perdem sua graça.
Fiz minha história, e a rabisquei em folhas de rascunho, mas jamais tive algo pronto. Porém, sinto-me bem de pensar que coisas boas acontecem de repente.