27 de fev. de 2011

Uma nação sem nome

Após acordar de uma das piores noites de sua vida, Mr Lewis abriu a janela e acendeu um charuto. O sol queimava seus olhos enquanto observava caminhões de carga e pessoas que pareciam formigas. Nada era muito real, à não ser o cheiro de fumaça que vinha do apartamento ao lado. Sentia fome, mas sabia que qualquer coisa que ingerisse seria jogada para fora de seu estômago segundos depois. Ao invés de três refeições, sofrera três soluços. Fechou a janela e caminhou em direção à porta para mais uma caminhada matinal. Era como se tudo se movesse em câmera lenta e, mesmo assim, nada era tão simples de se acompanhar. Mr Lewis era apenas mais um espectador em uma cidade sem ouvidos.

26 de fev. de 2011

Aquilo que se chama a-mor

Quero que goste de mim pelo que sou, alivie toda essa ansiedade e entenda minha condição e limites. Que me faça alcançar as nuvens apenas com um olhar e me ligue apenas para ter certeza de que está tudo certo. Quero sentir ciúmes de uma forma saudável, perder meu apetite quando brigarmos, entregar flores às cinco da manhã sem esperar nada em troca a não ser, ao menos, um abraço apertado. O que me faz seguir em frente é saber que você está em um lugar não muito distante, pensando o mesmo e, torcendo para que nossos relógios imaginários finalmente se encontrem. Já perdi tanto nesses quase vinte e dois anos, só não quero que meu coração pare de bater mais forte. Sinceramente, eu sinto falta de tudo isso.

23 de fev. de 2011

Aurora

Imagine um livro com páginas em branco e capítulos aleatórios. Sou o protagonista, mas isso não quer dizer que seja tão importante. Preciso de um lápis que não se acabe e uma borracha que apague apenas as coisas que não me fazem bem. Acordei sentindo um coma cerebral como a maioria de minhas manhãs, meu cérebro requer duas horas pra começar a funcionar. Agora estou sentando, mirando meu quarto semi-arrumado e meu computador deformado depois da queda. Nada é tão ruim, preciso quebrar essa rotina de lar-biblioteca-cafeteria-lar e voltar a sentir prazer com atividades que estimulem a minha paz interior. Imagine aquele mesmo livro, agora com um contexto coerente e detalhes, mas ainda com páginas em branco que esperam ansiosas a serem escritas.

22 de fev. de 2011

Para ninguém em especial...

Queria poder começar as coisas de uma forma diferente. Passar mais de uma semana sem cair desse precipício e me afogar em solidão. Não posso negar que as coisas estão menos piores, houveram tempos em que a dor era tão forte que, meu coração estava próximo de um ataque terrorista. Quero que atire suas granadas até ficar sem munição...
Não sou bipolar, apenas acho que tenho uma doença sem cura, onde nem mesmo um dicionário seria capaz de descrevê-la. Já procurei ajuda, já procurei amigos e até mesmo psicólogos. Eles me ajudam por um tempo, mas fazem essa doença parecer ainda mais abstrata e, o pior de tudo, sinto que tudo não passa da minha forte imaginação. Quero subir no prédio mais alto dessa cidade e observar gaivotas desfilando com suas belas asas, o ônibus azul que sempre parte a lugar nenhum, a senhora que atravessa a rua sem companhia alguma e a criança que um dia, fui eu. "My body feels young, but my mind is very old".

20 de fev. de 2011

O Encosto

Tomei um daqueles relaxantes banhos de meia hora e me preparei para o ritual de secar meus capilares. Pensava em quando toda essa chuva de lágrimas com cobertura de insegurança iriam embora. Acho que ela comprou apenas a passagem de ida, ao invés de round-trip (que sempre acaba saindo mais barato). No entanto, minha rotina foi quebrada por algo completamente novo: atráves do barulho do aquecedor e do espelho, pude notar que uma aranha com aparência venenosa "pousara" sobre minha cabeça. Hesitei por um momento e, enquanto o pequeno ser mirava a minha costeleta esquerda, o esmaguei dentro de uma toalha suja. Então você era a culpada por todas as minhas enxaquecas? Ainda não tenho a resposta, mas acho que realmente preciso limpar o meu quarto.

Sem final

Decidi que esta postagem não terá ponto final: apenas vírgulas, reticências e parênteses porque não quero fechar meus olhos e esquecer de que as melhores coisas da vida geralmente não duram para sempre, mas são gravadas em nossos diários e memórias daquela festa em que todos são notados, exceto você e seus amigos invisíveis...

17 de fev. de 2011

As Quatro Estações

Mais uma patética manhã cercada por cobertores e um vento gelado. Por aqui, tudo sobre controle. Estou certo de que, em breve, vou comer todas aquelas tangerinas. O horário de repouso já não tem tanta importância pois "eles" sempre me acordam antes das oito anyway. Estou criando o hábito de atirar roupas e toalhas sobre o tapete do meu quarto. Meus olhos miram o teto com a esperança de que, um dia, o peso de uma casa de três andares caia sobre mim. Quando fechei meus olhos à noite passada, a secadora ainda gritava por socorro. Tenho vivenciado pesadelos aos quais me recordo pela manhã e esqueço antes mesmo do sol se pôr. Memória nunca foi o meu forte.

12 de fev. de 2011

Libélulas

Balões infláveis decoram o céu azul. As nuvens já perderam seu destaque e a lua se esconde por trás dos braços das árvores. O vento grita de forma triste porém, não chove. Estou me acostumando à fazer passeios à lugar nenhum e, o pior, sem uma pessoa que faça minha guitarra soar menos solitária.
Encontrei libélulas rastejando sem suas asas e moradores de rua tentando vender uma bicicleta. Por que sou o único que não tem uma grande idéia?

9 de fev. de 2011

Invisível

Rosas brotam, pessoas vem e vão,
As noites já não são mais as mesmas,
Lágrimas se derretem sobre ramos de violeta,
Sinto calafrios.

No topo de cada montanha, o vento bate em sentidos diferentes.
Altura não se iguala à grandeza,
os grandes também caem,
E são eles que, sentados na sarjeta,
acompanhados por um maço de cigarros e uma garrafa de vinho,
tentam apagar memórias de um dia ruim que sempre se repete.

Não vivemos mais em uma terra dominada por gigantes...nostalgia.

6 de fev. de 2011

Smile Like You Mean It...

Eu não sou louco, apenas acredito que vivo em um mundo imaginário onde o homem do saxofone ganha seus trocados mesmo após uma insistente tempestade. Não me lembro da última vez que observei a lua num sábado à noite, de quando segurei as mãos de alguém e, me senti completo. O Rock n' Roll chegou ao fim? Vou me viciar em Ópio, ou não. Acho que não sei mais a diferença entre crescente e descrescente. Só sei que meu mundo está de cabeça para baixo, onde sons são distorcidos e, no final, acabo não entendendo mais nada. Será que o sol perdeu o brilho ou sou eu mesmo que não tenho mais a menor graça? Hoje, percebi que me sinto irritado quando fecho os olhos e tento contar até dez.

1 de fev. de 2011

My wings are made of plastic and it is impressive how my heart still beats...

Sentado, mas não calado. O herói caído se levanta, a cidade gira como uma roda-gigante em sentido anti-horário. E eu que pensei que nunca iria me sentir bem novamente. A paranóia que me atormentava enfim, cessou. Meu corpo se encontra em seu devido lugar. Boi, Leão, Águia e Homem estão em perfeita sintonia, as coisas tem gosto e não sinto mais tanto calor. Sim, it was all in my head. Solidão é opção, quero passar essas férias de três dias em minha própria companhia. Armas de fogo, pessoas de mentira embora me recorde de rostos e vozes. Eu sou o que sou, tenho defeitos e virtudes, perco muito tempo mirando lugar nenhum, tentando ser notado. Quando, na realidade, o que restou a ser notado é nada mais do que meu próprio ego. Espiritualismo é mesmo um saco. A verdade é clássica, crua, fria e todos os adjetivos que você desejar. Sucesso não se divide em cinquenta por cento. Eu quero muito mais do que isso. Quero Natais e Páscoas rodeados de luzes e famílias felizes, acordar do meu sono mais profundo e agradecer por estar vivo, atirar moedas em uma fonte da juventude e, ao invés de mais jovem, quero parar no tempo e desfrutar incêndios sem me queimar. Como Bukowski diria, "São 4:30 da manhã. Sempre são 4:30 da manhã".